O Criador e a Criatura
17/11/2009
Conceito
Quando o Criador terminou sua grande obra, muita gente avaliou o resultado como a verdadeira expressão da perfeição. Afinal, ele fez tudo do seu jeito, à sua imagem e semelhança, mesmo que atualmente já exista quem torça o nariz para pequenos detalhes da obra aparentemente sem nexo: baratas, por exemplo, ou desconheça a razão para o elefante ser tão grande e desengonçado.
É que criar é um ato de entrega. É percepção altamente intuitiva e, portanto, totalmente destituída de sentido aparente. Quando nos debruçamos sobre as situações, tentando encontrar a melhor solução, na verdade estamos ativando o que há de mais perfeito em nós, nossa porção divina, o Criador em nós.
Só pode criar aquele que ama o que faz, pois só assim consegue doar o melhor de si, independente de circunstâncias. E se engana quem julga que criar é 99% transpiração. Transpirar só ajuda a perder peso, e olhe lá! O ato de criar exige paixão! Emoção! Sentimento! Criar exige neurônios bem azeitados e uma disposição extraordinária para encarar a tela vazia e tirar dali uma idéia nova! Exige um desprendimento sem medida, capaz de esquecer por um instante o que se é, ou o que se pensa, para se colocar na pele do cliente e fazer parir não uma idéia perfeita, mas uma idéia que funcione, que atenda as expectativas. Criar é agir como um mestre de cerimônias que apresenta seu homenageado como um mundo de infinitas possibilidades, mas que sai de cena logo em seguida, para deixar brilhar a criatura.
Criar é admitir que, tal qual a Criação, este é um processo em constante evolução. E, por isto mesmo, requer coragem para extinguir alguns dinossauros, quando estes já não têm espaço para multiplicar resultados.
Criar é dar vida a idéias e vê-las avançar, sustentadas pela emoção. Assistir sua marcha cambaleante até a razão dar-lhes a firmeza dos passos, para finalmente vê-las amadurecer e vencer. Eis, então, que a criatura assume vida própria e a obra, enfim, passa a ser a representação de quem a criou.
Ao observador atento fica a certeza de saber, mesmo não podendo enxergar quem cria, que por trás de cada resultado inteligente, atuou uma mente em seu estado mais sublime: o da criação!